Quatro em cada dez pessoas no Ceará não possuem qualquer fonte de renda, diz IBGE

Estado tem o décimo menor percentual do País e o quinto menor da região Nordeste

Escrito por Paloma Vargas , paloma.vargas@svm.com.br
Rendas pessoas Ceará IBGE
Legenda: Ceará é o terceiro estado do País com o menor rendimento obtido por meio do trabalho segundo pesquisa do IBGE
Foto: Fabiane de Paula

Quatro em cada dez pessoas residentes no Ceará não possuem qualquer tipo de rendimento, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados mostram que, no Estado, 61,3% - ou seis em cada dez habitantes possuem algum rendimento. É o décimo menor percentual do País e o quinto menor da região Nordeste. Os dados refletem o ano de 2023. Por rendimento, o IBGE considera a renda advinda de trabalho, aposentadoria, pensão, aluguel, doação, programas sociais como Bolsa Família, entre outros.

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Segundo Helder Rocha, chefe da Seção de Disseminação de Informações do IBGE Ceará, essas pessoas sem qualquer tipo de rendimento possuem características como ainda estarem estudando, como adolescentes a partir de 14 anos, ou possuem alguma limitação física, ou mental, que lhe impossibilitem de trabalhar e ter uma renda. Neste caso, elas ainda estariam sem acessar qualquer tipo de benefício, como aposentadoria por invalidez, por exemplo.

"Mas nesse cenário, se compararmos com o estado em que mais pessoas tem algum tipo de renda, que é Rio Grande do Sul (70,3%), o Ceará não está muito distante. Poderia ser melhor? Poderia, mas isso depende de uma série de variáveis e fatores históricos e culturais que se modificam com o tempo. Nos últimos anos é que a geração mais nova está buscando capacitação e oportunidades, diferente de como ocorria antes e isso vem aumentando o índice de quem tem rendimento gradativamente."

Rendimento do Ceará está entre os piores do País

Considerando todas essas fontes, os residentes do Ceará, que possuem algum rendimento, ganham bem menos que a média do Brasil. Enquanto os cearenses recebem, em média, por mês, R$ 1.861, no Brasil essa cifra é de R$ 2.846.

Quando há, porém, o recorte do rendimento obtido apenas por meio do trabalho, os habitantes do Ceará recebem, em média, R$ 1.926. Apesar de ser um valor um pouco maior em relação ao rendimento de todas as fontes, o Ceará é o terceiro estado do País com o menor rendimento obtido por meio do trabalho, atrás apenas do Maranhão (R$ 1.877) e da Bahia (R$ 1.865).

"Esse ainda é o reflexo das poucas oportunidades. A média de rendimento do trabalho é baixa porque não temos tantas ofertas de cargos gerenciais ou maiores, como nos outros estados. Além disso, quando olhamos para a máquina pública, fora da Região Metropolitana de Fortaleza, também são poucos os cargos ofertados".

Veja o rendimento médio mensal em Reais dos estados do Nordeste (todas as fontes)

  1. Rio Grande do Norte: R$ 2.230
  2. Piauí: R$  2.145
  3. Paraíba: R$  2.130
  4. Sergipe: R$  1.915
  5. Ceará: R$  1.861
  6. Alagoas: R$  1.839
  7. Pernambuco: R$  1.824
  8. Bahia: R$  1.806
  9. Maranhão: R$  1.730

Rendimento de todas as fontes no Brasil

Todas as regiões do País tiveram aumento no percentual de pessoas com algum rendimento. A média brasileira subiu de 62,6% em 2022 para 64,9% em 2023. Assim, é possível constatar que 140 milhões de pessoas possuíam algum tipo de rendimento no ano passado.

A Região Sul (68,8%) apresentou a maior estimativa em todos os anos da série histórica, enquanto Norte (57,8%) e Nordeste (60,8%) apresentaram as menores.
Mesmo sendo um dos piores índices, houve alta de um 1,8 ponto percentual no Nordeste, passando de 59% para 60,80%, no mesmo período.

Saiba a situação dos estados no Nordeste com relação à renda (%)

  1. Sergipe: 62,6
  2. Bahia: 62,5
  3. Paraíba: 62,1
  4. Piauí: 61,9
  5. Ceará: 61,3
  6. Rio Grande do Norte: 60,5
  7. Pernambuco: 60,3
  8. Alagoas: 60,0
  9. Maranhão: 56,0

Tendência no rendimento a partir do trabalho

Conforme o estudo do IBGE, houve aumento da parcela da população com rendimentos vindos do trabalho. Essa era uma tendência já observada desde 2021, após forte queda em 2020 (por conta da pandemia da Covid-19). Em 2019, eram 44,3%, em 2023 o índice ultrapassou os números de antes da pandemia, atingindo 46%. 

O percentual da população recebendo rendimento de outras fontes, como aposentadorias e programas de distribuição de renda também cresceu no País, mantendo-se ao nível superior ao observado no período anterior à pandemia de Covid-19. Em 2019, eram 23,6% e em 2023 foi 26%.

De onde vem as rendas de outras fontes

Ainda olhando para o recorte nacional, a categoria aposentadoria e pensão manteve a maior estimativa: 13,4% da população residente recebia este rendimento em 2023. Entre 2022 e 2023, destaca-se o aumento da proporção da população recebendo outros rendimentos.

O Nordeste aparece em segundo lugar como a região que, em 2023, tinha a maior proporção de pessoas com outros rendimentos, superando aposentadorias e pensões, perdendo apenas para a região Norte.

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