Arezzo estuda expansão de fábrica de Uruburetama e quer exportar calçados pelo Porto do Pecém

Planta industrial da empresa de moda está instalada nas antigas unidades da Paquetá

Legenda: Fábrica da Arezzo, em Uruburetama, deve exportar calçados pelo Porto do Pecém
Foto: Ingrid Coelho

Os planos do Grupo Arezzo para o Ceará seguem a máxima da expansão. Na inauguração do parque fabril da companhia em Uruburetama nesta terça-feira (30), o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE), Salmito Filho, revelou que os planos da empresa indicam haver estudos para expandir a unidade recém-instalada na cidade, além de utilizar as instalações da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) no Porto do Pecém.

O titular da SDE detalhou que a Arezzo já fez contatos para adquirir o terreno ao lado do complexo fabril em Uruburetama, e as tratativas seguem. Além disso, Salmito Filho pontuou que o grupo aumentou para mais de 1.300 funcionários o contingente que trabalha nas unidades industriais, uma alta de pouco mais de 100 postos de trabalho em relação ao que a Paquetá empregava na mesma cidade.

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"O grupo está de olho em um terreno aqui ao lado (Uruburetama) e tem parceria com produções em Canindé e Irauçuba. Isso é o que a gente pode falar. As razões ditas por eles foram a capacidade produtiva dos cearenses e a agilidade do Poder Público do Ceará com as Prefeituras", observou.

Nos acordos firmados com o Governo do Estado, a Arezzo também demonstrou interesse em utilizar as instalações da ZPE no Pecém. Segundo Salmito Filho, a empresa, que exporta calçados para os Estados Unidos e, principalmente, para os demais países da América Latina, pode encontrar um entreposto estratégico no Estado para acelerar a logística.

O grupo Arezzo já exporta, mas não pelo Pecém. Esse diálogo já existe com os diretores do grupo, com quem nós nos reunimos frequentemente. Tivemos oportunidade de falar diretamente para o Alexandre (Birman, CEO da Arezzo) a vantagem competitiva que temos no Ceará com o Pecém com uma ZPE dentro. O grupo Arezzo, que hoje leva de 15 a 20 dias para exportar calçados por outros portos do Brasil, pelo Pecém, pode levar em torno de 9 a 10 dias. A metade do tempo, provavelmente, trazendo mais competitividade, e isso pode atrair mais indústrias para o Ceará.
Salmito Filho
Secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará

"(O foco é) Produzir não só para o mercado do Brasil, mas para toda a América Latina. Eles exportam para Nova Iorque. Temos aqui rota marítima e rota aérea de cargas", completou o titular da SDE.

Operador logístico em Senador Pompeu para o setor calçadista

Outro ponto ressaltado por Salmito Filho e apontado como facilitador para a expansão do Grupo Arezzo no Ceará foi a inauguração da filial do Grupo Troca Logística em Senador Pompeu, no Sertão Central, no fim de março. 

Conforme informações do secretário, o principal objetivo da unidade será fornecer matéria-prima para a indústria calçadista cearense. A maioria dos compostos para a fabricação de calçados vem de fora do Estado e levavam, em média, uma semana até chegar as indústrias. Com o novo operador logístico, o tempo será reduzido para até um dia.

Fábrica Arezzo Uruburetama
Legenda: Arezzo assume fábrica da antiga Paquetá em Uruburetama, no interior do Ceará
Foto: Ingrid Coelho

"Montamos no Sertão Central um operador logístico que vai permitir que a matéria-prima para a indústria de calçados no Ceará, que leva sete dias para chegar, vai levar um dia. Isso aumenta a competitividade. Com esse operador logístico, somado com a logística que temos no Pecém, o grupo Arezzo vislumbra a possibilidade de exportar a partir do Pecém", projeta Salmito Filho.

"É uma empresa de logística especializada em matéria-prima para indústria calçadista, que vai diminuir de sete dias para apenas um para a matéria-prima chegar ao Ceará, aumentando a competitividade para a indústria calçadista comprar a matéria-prima. O Ceará já era o maior polo produtor de calçados do Brasil, mas a matéria-prima vem toda de fora. Esse operador logístico vai permitir atrair novas indústrias, inclusive pequenas", esclareceu o secretário.

1 milhão de pares de calçados por ano

O titular da SDE também disse que a expansão do Grupo Arezzo no Ceará está relacionada à "boa impressão" e à infraestrutura já instalada no Estado, além da mão de obra qualificada: "O Grupo Arezzo era cliente da Paquetá, e acabou avaliando a possibilidade de ter sua própria produção industrial".

Alexandre Birman Arezzo
Legenda: Alexandre Birman, CEO da Arezzo, visita unidade industrial em Uruburetama, no interior do Ceará
Foto: Ingrid Coelho

Na inauguração da unidade em Uruburetama, o CEO da Arezzo, Alexandre Birman, projetou, em entrevista ao Diário do Nordeste, a produção de 1 milhão de pares de calçados por ano. Ele também ponderou que a produção deve ser exportada, sobretudo para os Estados Unidos e Europa.

A Arezzo está assumindo, no Ceará, as antigas fábricas da Paquetá. No fim de 2023, a empresa fechou as unidades no interior do Estado, mais precisamente na região do Vale do Curu, e demitiu quase 2 mil pessoas. Além de Uruburetama, o grupo já se estabeleceu em Tururu e estuda a possibilidade de expansão nos demais parques fabris.

A reportagem procurou a Arezzo para que a empresa comentasse as declarações de Salmito Filho. Contudo, a empresa informou que não iria se manifestar.