Com açudes da Bacia Metropolitana cheios, Fortaleza deixa de receber águas do Castanhão

A interrupção ocorre quase 3 meses após a Capital ter voltado a receber águas do maior reservatório do Ceará

Escrito por Thatiany Nascimento , thatiany.nascimento@svm.com.br
imagem do açude castanhão
Legenda: O Açude Castanhão está com 32,08% do volume acumulado no atual momento.
Foto: Honório Barbosa/Arquivo SVM

A transferência de águas do Açude Castanhão, maior reservatório do Ceará, situado na Bacia do Médio Jaguaribe, para o abastecimento de Fortaleza e demais cidades da Região Metropolitana autorizada desde janeiro deste ano foi interrompida no início deste mês. Isso porque, segundo a Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), com o volume acumulado na Bacia Metropolitana, que inclui açudes como o Pacajus, o Pacoti, o Riachão e o Gavião, os municípios da RMF têm água assegurada. Mas, o Castanhão segue recebendo as águas da Transposição do Rio São Francisco. 

A Bacia Metropolitana está, atualmente, com 78% do volume acumulado - segundo dados do Portal Hidrológico do Governo do Ceará -, ou seja, em um nível de armazenamento hídrico considerado confortável. Em nota, a SRH informou que a estimativa é que o Ceará ainda terá “45 dias de quadra chuvosa e a expectativa é que a reserva hídrica aumente e continue garantido o abastecimento da RMF sem a precisão de transferência de água do Castanhão”. 

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Com isso, as águas do Castanhão ficam armazenadas no reservatório e vão contribuir para o abastecimento da região do Vale do Jaguaribe. Atualmente, o Castanhão está com 32,08% do volume acumulado. 

Volume dos principais reservatórios da Bacia Metropolitana

  • Açude Pacajus (Chorozinho): atingiu 100% no dia 7 de abril
  • Açude Gavião (Pacatuba): está com 96,96% do volume acumulado
  • Açude Pacoti (Horizonte): está com 75,31% do volume acumulado
  • ​Açude Riachão (Itaitinga): está com 75,21% do volume acumulado

Águas do Castanhão 

Em janeiro de 2024, após 5 anos sem essa dinâmica, a Região Metropolitana de Fortaleza voltou a receber as águas do Castanhão, via Eixão das Águas. Isso porque naquele momento, diante de um  prognóstico no qual havia grande probabilidade das chuvas serem abaixo da média, o Governo do Estado vislumbrou que o ano poderia ser de seca e as populações teriam o abastecimento comprometido, necessitando do reforço do Castanhão. 

No prognóstico divulgado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) em janeiro, para os meses de fevereiro, março e abril, a maior tendência, com 45%, era de chuvas abaixo da média e havia uma grande projeção de que a influência do El Niño, aquecimento do oceano Pacífico, geraria um ano de seca no Ceará. Mas fevereiro e março tiveram chuvas acima da média. 

Em abril, no novo prognóstico divulgado pela Funceme, o Ceará tem 40% de probabilidade de ter chuvas dentro da média nos meses de abril, maio e junho. 

Antes, em fevereiro, quando a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e os Comitês de Bacias Hidrográficas definiram pelo reforço à RMF, o sistema hídrico metropolitano estava com 52% da capacidade total.

Na época, a partir de simulações realizadas pela Cogerh, a estimativa era de que a transposição das águas do Castanhão para a RMF deveria acontecer em março e se prolongar até o fim do ano. 

Também em fevereiro, o Governo Estadual anunciou que o Ceará passaria a receber novamente as águas da Transposição do Rio São Francisco O recurso chega pela barragem de Jati, no Cariri cearense, em uma vazão de 6,5 metros cúbicos por segundo (m³/s). No mesmo mês foi iniciada a operação de bombeamento das águas do Rio São Francisco em direção ao Castanhão e de lá seguir para a RMF. 


 

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