Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho homenageiam os pais no teatro em Fortaleza: "Marcaram gerações"

Com humor, dupla protagoniza espetáculo sobre afeto, memória, e trajetórias artísticas; ingressos estão à venda e custam de R$ 25 a R$ 150

Escrito por Ana Beatriz Caldas , beatriz.caldas@svm.com.br
Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho intercalam esquetes cômicas e reflexões sobre suas próprias trajetórias
Legenda: Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho intercalam esquetes cômicas e reflexões sobre suas próprias trajetórias
Foto: Jonatas Marques/Divulgação

Depois do sucesso na temporada de estreia em São Paulo, a peça “Gostava mais dos pais”, estrelada por Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho, chega a Fortaleza para três apresentações neste fim de semana, no Cineteatro São Luiz. Pautada no humor, mas sem deixar de lado a emoção, a montagem é merecida homenagem aos pais dos artistas, Chico Anysio e Lúcio Mauro, duas das maiores referências da comédia brasileira. 

Dirigido por Debora Lamm, com dramaturgia de Aloísio de Abreu e Rosana Ferrão, o espetáculo cômico une memória e contemporaneidade ao trazer reflexões sobre a trajetória profissional dos quatro humoristas, as relações afetivas que o humor proporciona, maturidade e debates atuais, como o impacto da internet na criação de novas formas de consumo de arte. 

Em entrevista ao Verso, o ator, humorista e roteirista Bruno Mazzeo explica que a ideia do espetáculo surgiu, primeiramente, de uma vontade antiga de dividir o palco com Lúcio Mauro Filho, amigo de longa data. Em comum, além da área de atuação profissional, eles compartilham uma inevitável comparação com os pais – legado que carregam com orgulho e que originou o nome da peça. 

“A gente vive isso de as pessoas pararem na rua para falar dos [nossos] pais, as pessoas irem fazer uma entrevista e perguntarem dos pais. A presença dos nossos pais é muito forte nas nossas vidas, então a gente sempre conversava sobre isso”, conta Mazzeo. “Aí surgiram histórias engraçadas, histórias curiosas, e a gente juntou isso com o nosso desejo de fazer alguma coisa juntos”. 

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Como recorte, a dupla escolheu partir de um ponto principal: como Chico e Lúcio seguem presentes em suas vidas, mesmo após a última despedida. Essa certeza se confirma, lembra Bruno, em um momento de maturidade importante para os dois atores.  

Peça estreia na Capital como parte do Circuito CENA de Teatro
Legenda: Peça estreia na Capital como parte do Circuito CENA de Teatro
Foto: Jonatas Marques/Divulgação

“É um momento em que a gente também passa por certos questionamentos. Eu ainda não cheguei nos 50 anos, mas eles estão logo ali”, brinca. “Acaba, então, que a peça é um grande questionamento sobre o tempo, sobre a gente entender o nosso lugar nesse tempo, sobre a gente envelhecer como nossos pais envelheceram”, conclui. 

Os nossos pais passaram pela vida de muitas gerações. Então, é muito comum o cara que tá lá vendo [a peça] de repente se sentir tocado por alguma lembrança relacionada a Chico Anysio e Lúcio Mauro. Remete ao pai dele, ao avô dele que já morreu, porque ele via junto com o avô quando ele era criança... As pessoas têm, com os nossos pais, uma ligação de afeto. É como se fosse aquela figura que passou e pertenceu a sua família durante anos e anos.
Bruno Mazzeo
ator, humorista e roteirista

Apresentações em Fortaleza e a redescoberta do Ceará 

Hoje com 46 anos, Bruno Mazzeo não possui lembranças de infância ou adolescência no Ceará. Suas memórias preferidas no estado do pai, Chico Anysio, foram construídas após a partida do mestre da comédia, já na idade adulta – e divididas, em sua maioria, com os filhos João, José e Francisco. 

Por isso, o artista conta estar “animadíssimo” para as apresentações na Capital, que serão as primeiras da turnê pelo País. “Quando eu soube que a nossa primeira viagem seria essa, eu falei ‘pô, nem nos melhores sonhos eu podia imaginar isso, que a gente vai começar em Fortaleza’. Acho que vai ser muito emocionante para mim, justamente pela relação do meu pai com o Ceará”, afirma. 

Das lembranças que carrega de Chico, Mazzeo destaca o orgulho do pai em ser cearense. “Ele sempre estava defendendo o Ceará, as raízes dele, os hábitos nordestinos que ele mantinha. Eu sei disso, porque sou testemunha. Então, levar essa homenagem primeiro praí é simbólico demais”, completa. 

Bruno com o filho mais velho, João, em frente a casa onde Chico Anysio viveu, em Maranguape
Legenda: Bruno com o filho mais velho, João, em frente a casa onde Chico Anysio viveu, em Maranguape
Foto: Reprodução/Instagram

Mazzeo conta que vem pelo menos duas vezes por ano ao Ceará, seja para ver amigos, passear ou mostrar locais importantes para a história da família e dividir memórias com os filhos, como ir ao Beach Park ou assistir jogos do Vasco no Castelão. 

“Estou sempre querendo estar por aí e fico tentando falar com eles sobre – com os pequenos, sobretudo, que nasceram no Rio e nem conheceram o avô. Fico tentando muito transmitir um pouco dessa importância que ser nordestino tinha para o meu pai”, destaca. 

Há pouco mais de um mês, Mazzeo fez mais uma visita a Maranguape, cidade natal de Chico Anysio. Na ocasião, ele fez entrevistas e gravações para um documentário sobre a vida do pai que será distribuído pela Globoplay, ainda sem data de estreia.

O trabalho, segundo o artista, já está em fase de pós-produção. “Fui para Maranguape para gravar a casa [onde ele viveu] e tudo. Mas não sei quando sai, acho que nem eles sabem. Estou dirigindo e roteirizando”, pontua. 

Serviço 
Espetáculo “Gostava Mais dos Pais”, com Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho 
Quando: Sexta-feira (26), às 20h, e sábado (27), às 17h e às 20h
Onde: Cineteatro São Luiz (R. Major Facundo, 500 - Centro)
Vendas: Online, na plataforma Sympla, ou na bilheteria do teatro
Ingressos: Plateia 1 - R$ 150 (inteira) e R$ 75 (meia) / Plateia 2: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia) / Mezanino: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Classificação indicativa: 14 anos 

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