Autor de morte no IJF entrou outras vezes no hospital após ser demitido, segundo testemunhas

O suspeito entrou no hospital a partir do reconhecimento facial, mesmo tendo sido demitido da empresa terceirizada que presta serviços à unidade de saúde há quase dois anos

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Imagens obtidas pelo DN mostram o suspeito entrar no Instituto Doutor José Frota sem dificuldade, por uma catraca, poucos minutos antes de cometer o crime
Legenda: Imagens obtidas pelo DN mostram o suspeito entrar no Instituto Doutor José Frota sem dificuldade, por uma catraca, poucos minutos antes de cometer o crime
Foto: Reprodução

Preso por matar e decapitar um funcionário dentro do Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza, na última terça-feira (23), Francisco Aurélio Rodrigues de Lima, de 41 anos, já tinha entrado no hospital outras vezes após ser demitido em 2022 e antes de cometer o crime, segundo testemunhas ouvidas pela Polícia Civil do Ceará (PCCE).

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, um funcionário com cargo de chefia da empresa terceirizada em que trabalhava a vítima, Francisco Mizael Souza da Silva, e na qual também trabalhou Francisco Aurélio, afirmou à Polícia, em depoimento, que "Aurélio, após ser desligado da empresa, tinha o costume de frequentar o IJF" e que, após o homicídio, ele tomou conhecimento que o criminoso "já havia sido visto outras vezes (no hospital)".

O depoente também revelou que Aurélio trabalhou como copeiro no IJF de 2018 a outubro de 2022, quando foi demitido da empresa terceirizada em razão de "corte de efetivo de contingente" e "sem justa causa". E que o suspeito "era indisciplinado no trabalho, pois faltava alguns dias trabalho e não queria usar os equipamentos de proteção individual". Entretanto, afirmou que Aurélio não tinha comportamento estranho nem nunca presenciou discussão dele com Francisco Mizael - que trabalhava como zelador desde 2019 - ou outra pessoa.

Imagens obtidas pelo DN mostram o suspeito entrar no Instituto Doutor José Frota sem dificuldade, por uma catraca, poucos minutos antes de cometer o crime. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) divulgou que ele entrou no hospital a partir do reconhecimento facial, mesmo tendo sido demitido há quase dois anos.

Questionado sobre isso pela Polícia, o funcionário com cargo de chefia da empresa terceirizada garantiu que, ao demitir um funcionário, a empresa "dá ciência ao Departamento Pessoal do hospital, que se encarrega do cancelamento da biometria, crachá ou reconhecimento facial", mas tomou conhecimento, após o crime, que "o cadastro facial de Aurélio ainda não havia sido desativado do sistema, por essa razão ele teve acesso ao hospital".

Uma copeira que trabalha no IJF também disse à Polícia Civil que viu Francisco Aurélio no hospital, após a sua demissão. Porém, segundo a funcionária, ele estava na condição de paciente e teria comentado, com outras pessoas, que havia sofrido um tiro de raspão em um assalto - motivo pelo qual estava internado.

O Instituto Doutor José Frota foi questionado pela reportagem, através da assessoria de comunicação, sobre a informação das testemunhas de que Francisco Aurélio tinha entrado outras vezes no hospital. Entretanto, o Órgão informou que não irá se manifestar durante a investigação policial.

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Prisão preventiva decretada

A Justiça do Ceará decidiu converter em prisão preventiva a prisão em flagrante de Francisco Aurélio Rodrigues de Lima, por suspeita de matar e decapitar um copeiro do Instituto Dr. José Frota (IJF), dentro do hospital. A decisão foi proferida em audiência de custódia realizada na 17ª Vara Criminal de Fortaleza, na última quarta-feira (24).

Conforme a Polícia, Francisco Aurélio baleou e decapitou a vítima na cozinha da unidade de saúde, motivado por ciúmes, pois a namorada do suspeito também trabalhava no hospital. Um zelador do hospital também foi baleado de raspão no braço, na ação criminosa, e precisou passar por cirurgia, mas está bem.

Em depoimento à Polícia, a mulher confirmou que mantinha um relacionamento com Francisco Aurélio há cerca de um ano e meio e que ele sentia ciúmes dela não só com a vítima, como também com outros funcionários do IJF.

Segundo o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), também pesou na decisão de decretação da prisão preventiva, da juíza Carla Susiany Alves de Moura, o fato de que há outros registros de procedimentos criminais em desfavor do suspeito, sendo um por desacato, em andamento na Vara Única da Comarca de Aracoiaba; e outro de medidas protetivas de urgência, já arquivado.

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