Os entretantos e os finalmentes

Assim a educação, ou melhor, nosso “agonizantista praticante” receberá novos diagnósticos: novo SAEB, novo Enem e novo ensino médio

Escrito por Davi Marreiro ,
Consultor pedagógico
Legenda: Consultor pedagógico

No Brasil, assim como em diversos outros países, são adotados modelos de avaliação em escala nacional que mensuram o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes matriculados na educação básica. Em nosso país um desses instrumentos qualitativos é o Sistema de Avaliação da Educação Básica, o SAEB, um ‘exame’ periodicamente realizado a cada dois anos. Importante relembrarmos que o SAEB é direcionado principalmente aos alunos da rede pública de ensino, mas também inclui a participação de alunos da rede privada de forma amostral.

Visto que o óbvio precisa ser dito, efetivamente essa avaliação é uma ferramenta importante para coletar dados estimatórios que deveriam auxiliar na implementação de políticas educacionais mais assertivas. Contudo, já que “ser uma coisa tão óbvia é ficar reduzido a quase nada”, chega de “entretantos e vamos aos finalmentes”.   

Meu caro povo de Sucupira: desprevenido de branco, mas provido de semelhante clareza; direi com a alma lavada e enxaguada, de mãos limpas e coração nu, despido ‘estripitisicamente’ de qualquer ambição de glória: ‘nesse país quando o desenganado se recupera, nele aplicamos uma ferramenta pacificadora com know-how cangacista.’ Em outras palavras, ano após ano, continuamos a investir tempo e recursos apenas aleitando e diagnosticando adoecimentos. Ainda assim, não estamos tão diferentes de outros lugares, como disse certo comediante americano: “a política é a arte de procurar problemas, encontrá-los em todos os lados, diagnosticá-los incorretamente e aplicar as piores soluções.

Já que vem ao caso, conforme noticiado pelo Diário do Nordeste; Rubens Lacerda, diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, revelou que o Saeb está passando por reformulação. Com isso, o Novo Saeb, além das notas tradicionais, contemplará outras dimensões, como infraestrutura e formação dos professores. Nas mãos de médicos politiqueiros, talvez “nunca se tenha visto um paciente com tanta vocação pra agonizante.” Assim a educação, ou melhor, nosso “agonizantista praticante” receberá novos diagnósticos: novo SAEB, novo Enem e novo ensino médio, de velho só continuará o desinteresse terapêutico.

 
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