Terreno de antiga Cidade Fortal dará espaço para condomínio de casas de luxo

Escrito por Bruna Damasceno , bruna.damasceno@svm.com.br
Obras
Legenda: A área foi palco para o Fortal desde 2005
Foto: Fabiane de Paula / SVM

O terreno que foi palco para a micareta Fortal por quase 20 anos se tornará um condomínio de luxo no bairro Manoel Dias Branco, em Fortaleza. Conforme apuração do Diário do Nordeste, a Idibra Participações S/A, incorporadora e construtora do grupo Dias Branco, venderá lotes com tamanhos a partir de 500 m². 

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A assessoria de imprensa da empresa informou que o projeto está em fase de análise e por isso não irá divulgar detalhes. Quem passa pela antiga Cidade Fortal já percebe a movimentação de trabalhadores da construção civil no local. 

O terreno possui 25 hectares. Para se ter ideia, o tamanho corresponde a cerca de 25 campos oficiais de futebol. A expectativa é de que o empreendimento seja nos moldes do Alphaville, onde um lote custa em média R$ 4 milhões, conforme sites de pesquisa de imóveis. Isso na Região Metropolitana de Fortaleza.

Muros na Cidade Fortal
Legenda: Terreno, que agora deve receber novo empreendimento, ficou conhecido durante anos como Cidade Fortal
Foto: Fabiane de Paula

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon-CE), Patriolino Dias de Sousa, a instalação do empreendimento deve levar dinamismo econômico para a localidade. “Não temos condomínio de lotes dentro de Fortaleza. Portanto, será um sucesso e acreditamos na valorização do entorno”, diz. 

O presidente do Instituto de Arquitetos Brasil-Departamento do Ceará (IAB CE), Jefferson John, explica que os empresários do terreno já compraram o bem com o intuito de investir futuramente na exploração da área. 

“A região já era uma promessa de terra super valorizada há pelo menos uns 40 anos. Eles lotearam, abriram as ruas e deixaram de stand by como verdadeiro bancos de terras”, afirma.
Jefferson John
Presidente do Instituto de Arquitetos Brasil-Departamento do Ceará (IAB CE)

Conforme o arquiteto, no entanto, esse modelo traz malefícios para a área urbana porque intensifica a ocupação de veículos e limita a circulação de pessoas de diversas classes sociais. 

“Esses condomínios têm características de serem fechados para si, com mercadinhos, supermercados, serviços de padaria e até escolas, para as pessoas não saírem de dentro”, esclarece. 

O economista e professor da Universidade de Fortaleza, Ricardo Coimbra, observa que o bairro já leva o nome da família Dias Branco. “Aquele terreno já era cedido pelo Grupo Dias Branco, inclusive, durante o Fortal, as propagandas eram relacionadas às principais marcas do grupo empresarial”, destaca.  Nesse contexto, aponta, a empresa já trabalhava o aspecto imobiliário do endereço.

“Não sei se o terreno era cedido ou se havia uma troca pela divulgação. O fato é que aquela região do bairro Manoel Dias Branco tende a ter um crescimento significativo da parte de condomínios residenciais de alto padrão desse grupo empresarial e de outros”, analisa. 

Mudança na lei municipal favoreceu o projeto de condomínio de lotes 

John frisa que condomínios nos moldes do Alphaville só podem ser instalados na Capital graças a uma alteração na legislação sobre o regulamento do loteamento de acesso controlado no município de Fortaleza. 

A regra foi modificada por meio da Lei Complementar de n.º 375, assinada pelo prefeito José Sarto (PDT), em novembro do ano passado. Por isso, atualmente, a maioria desses tipos de moradia está concentrada na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

“Essa modificação na legislação urbana induz ou efetiva negócios como esses na Capital, gerando cidades muradas dentro da Cidade”, avalia o arquiteto. Em nota, a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) informou realizar a análise técnica fundiária do empreendimento. 

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