Margem Equatorial: Aeroporto de Fortaleza e Porto do Mucuripe dão apoio logístico para Petrobras

Estado tem servido de base para o trabalho de perfuração do primeiro poço de estudos, localizado nas proximidades da divisa, no Rio Grande do Norte

Escrito por Paloma Vargas , paloma.vargas@svm.com.br
Navio-sonda ODN II (NS 42) trabalha na perfuração do primeiro poço de perfuração da nova fase da Margem Equatorial
Legenda: Navio-sonda ODN II (NS 42) trabalha na perfuração do primeiro poço de perfuração da nova fase da Margem Equatorial
Foto: Cezar Fernandes/ Divulgação Petrobras

A Petrobras está trabalhando há mais de um mês na perfuração do poço de Pitu Oeste, na Bacia Potiguar (que considera parte dos litorais do Ceará e Rio Grande do Norte), fazendo estudos da Margem Equatorial. Neste primeiro momento o local está a 53 quilômetros do litoral do estado vizinho. Porém, a viabilidade do estudo passa por pontos de apoio e trabalho aqui no Ceará.

Segundo a empresa, no Estado estão sendo utilizados o Aeroporto de Fortaleza para o apoio logístico aéreo e o porto de Mucuripe para o apoio logístico marítimo. Os dois equipamentos estão distantes, respectivamente, 190 quilômetros e 100 Milhas Náuticas do poço Pitu Oeste.

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Além disso, uma base de trabalho em Fortim foi utilizada como apoio logístico terrestre durante a realização da Avaliação Pré-Operacional para obtenção da licença ambiental, em setembro do ano passado.

"A perfuração do poço Pitu Oeste é uma atividade temporária que levará de 3 a 5 meses e possibilitará a obtenção de mais informações geológicas da área, permitindo que a Petrobras confirme a extensão da descoberta de petróleo já feita em 2014", informou em nota a Petrobras.

No Plano Estratégico 2024-2028 da empresa está previsto o investimento de US$ 3,1 bilhões para pesquisa de óleo e gás na Margem Equatorial, onde a companhia planeja perfurar 16 poços nesse período.

O território cearense compõe parte de duas bacias da Margem Equatorial: a bacia Ceará, que inclui ainda parte do Piauí; e a bacia Potiguar, dividida com o Rio Grande do Norte.

O consultor em energia e combustíveis, Ricardo Pinheiro, afirma que a perfuração de poços na Margem Equatorial (que vai do Rio Grande do Norte até a Bacia do Rio Amazonas) aconteceram há alguns anos, "justamente para estudos que levam ao desenvolvimento de uma campanha de perfuração mais robusta".

"Aqui no Ceará foi perfurado um poço, ainda na época do Governo Cid Gomes. E naquela mesma época foi perfurado um poço no RN, próximo à divisa com o Ceará. Estes poços apresentaram dados sobre a existência de estrutura de rochas sedimentares potencialmente portadoras de hidrocarbonetos, as chamadas rochas reservatório. E foram feitas tentativas de mais algumas perfurações no mar do Maranhão."

Já nesta nova fase, a primeira tentativa de perfuração foi na Bacia da Foz do Amazonas. "Que, por mau entendimento dos órgãos licenciadores, foi impedido o prosseguimento daquele poço. A Petrobras pretendia furar no sentido do Amazonas ao Rio Grande do Norte, mas acabou esse impedimento inicial forçou a empresa a mudar de sentido e iniciar no RN em direção ao Amazonas."

Vantagens na exploração

Pinheiro revela que caso os resultados deste programa exploratório sejam "um sucesso", haverá muita atividade por todo o litoral equatorial do Brasil. "Isso trará muitas oportunidades para todos os estados, pois, além de empregos, também o petróleo deixa renda de royalties."

Vamos torcer para que o RN tenha grande sucesso e volte ao cenário da indústria de petróleo offshore, até porque esta indústria tem que deixar suas riquezas agora, pois, no futuro, com a ideia de descarbonização da energia, o mercado de hidrocarbonetos deverá ser deixado em segundo ou terceiro plano"
Ricardo Pinheiro
Consultor em energia e combustíveis

No Ceará, existem blocos a serem explorados em águas profundas, mar adentro, como se fosse "em frente" a Paracuru. Porém, o especialista lembra que estes blocos hoje não são gerenciados pela Petrobras. "São blocos de outras empresas que ainda não se posicionaram sobre a exploração. Possivelmente estão aguardando pelos resultados do programa de exploração inicial da Petrobras para isso."

Ele ainda lembra que o Estado, atualmente, possui apenas campos fechados, em águas rasas, que existem desde a década de 1970. Já os novos alvos se encontram bem mais a frente, e em profundidade bem maior, estimada para além dos dois mil metros da superfície da água até o fundo do mar.

"Esses poços são demorados, pois são áreas desconhecidas que exigem muitos ajustes de programa de perfuração por não se ter total conhecimento da forma como as rochas se sobrepõem", explica Pinheiro, ressaltando também que "com a competência da Petrobras em desenvolvimento de campos em águas profundas, ela só perfura onde há grandes chances de sucesso". 

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