Grupo Lagoa prevê duas novas lojas até 2025 com geração de 200 empregos diretos; saiba onde

Expansão de empresa supermercadista também traz enfoque nos atacarejos

Escrito por Luciano Rodrigues , luciano.rodrigues@svm.com.br
Atacadão Lag Mondubim
Legenda: Grupo Lagoa prevê a abertura da quinta unidade do Atacadão Lag, bandeira de atacarejo da empresa
Foto: Kid Júnior

A MWN Comercial de Alimentos, empresa que administra o Super Lagoa e o Atacadão Lag, deve abrir duas lojas até 2025 na Região Metropolitana de Fortaleza. As projeções foram feitas por Daniel Moita, diretor-executivo da companhia, em entrevista exclusiva para o Diário do Nordeste.

Dessas, a primeira unidade será aberta ainda em agosto de 2024, na avenida Presidente Castelo Branco (Leste-Oeste), na Barra do Ceará, em Fortaleza. O empreendimento será da marca Atacadão Lag, bandeira de atacarejo da empresa, e terá 1,7 mil metros quadrados (m²) com previsão 100 empregos diretos gerados.

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Já em 2025, ainda sem mês definido, haverá a abertura de um Super Lagoa no Cidade Alpha Ceará, no Eusébio, com a expectativa da geração da mesma quantidade de postos de trabalho. O acordo para a construção dessa loja foi firmado no fim de abril.

Atualmente, o Super Lagoa é a bandeira da empresa com o maior número de lojas: 12 no total, localizadas em Fortaleza (9), Sobral (2) e Juazeiro do Norte (1). O Atacadão Lag, por sua vez, tem quatro unidades: duas na Capital (Mondubim e Messejana), uma em Iguatu e outra em Maracanaú.

No ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgado no início de abril, a MWN é a sexta maior empresa do segmento no Ceará. O faturamento do grupo em 2023 chegou a aproximadamente R$ 600 milhões, principalmente em virtude das mudanças na área do varejo.

Atacarejo regional em crescimento

Com a concorrência de marcas de fora do Ceará, como Assaí, Atacadão e Mix Mateus, as redes locais tiveram de se reorganizar em meio às mudanças nos hábitos dos consumidores. Pelas características do mercado cearense, Daniel Moita acredita que as empresas regionais, como o próprio Super Lagoa, demoraram a aderir ao movimento dos atacarejos.

"O único estado no qual os regionais não se organizaram antes para abrir o modelo de atacarejo foi o Ceará. É um estado com redes de 30, 40, 50 anos, e o plano de expansão sempre passou pelo formato do varejo tradicional, com supermercados. O Ceará começou a investir nesse modelo um pouco depois que esse movimento estava acontecendo no Brasil todo", pontua.

Daniel Moita Grupo Lagoa
Legenda: Daniel Moita, diretor-executivo do Grupo Lagoa
Foto: Kid Júnior

A bandeira Atacadão Lag é nova comparada com o Super Lagoa, que em maio completa 34 anos de fundação. As duas primeiras unidades abertas com a marca de atacarejo foram convertidas do varejo, ambas em 2019: Maracanaú e Iguatu.

Somente em 2020 houve a abertura do primeiro Atacadão Lag construído do zero, no Mondubim, ao lado do Centro de Distribuição da MWN. Trata-se da maior loja do Grupo Lagoa, com 3,4 m² e ampla variedade de serviços, como padaria, açougue e empório de frios.

A gente optou por mudar para o formato de atacarejo 'híbrido', sem retirar tantos serviços. O atacarejo começou muito com essa questão de ser uma proposta enxuta, de não ter serviços. Agora que está começando a mudar, se observa o atacarejo mais parecido com os hipermercados do que com o atacado tradicional. Esse movimento tem feito com que o mercado se movimente de novo para o consumidor começar a enxergar que a diferença vai diminuir por conta do custo de operação.
Daniel Moita
Diretor-executivo do Grupo Lagoa

Açougue Atacadão Lag
Legenda: Serviços como açougue agora estão disponíveis em atacarejos como o Atacadão Lag
Foto: Kid Júnior

Resistência no mercado local

Embora as marcas nacionais estejam em bom número no Estado, Daniel Moita avalia que o setor supermercadista cearense oferece mais resistência para demais redes que vêm de fora do Ceará.

A afirmação é feita com base no aumento da oferta de lojas de conveniência, focada em rápido atendimento e seleto mix de produtos, principalmente no Sul e Sudeste do Brasil. Até o momento, esse mercado no Ceará ainda está muito ligado a postos de combustíveis.

"Não vejo muito espaço aqui. Comparando com São Paulo, um bairro lá comporta uma loja dessa pequena. É uma realidade diferente da gente. Como aqui já está muito povoado de supermercados no nosso formato, as lojas que tentaram conveniência aqui não evoluíram. Não vejo isso como uma nova ameaça para o mercado daqui porque é preciso entender essas regiões", reflete.

O diretor-executivo do Grupo Lagoa também esclarece que a resistência contra as grandes redes nacionais, que mesmo com mais investimento, encontram mais dificuldade no Ceará, se deve à pulverização do setor supermercadista, com muitas bandeiras de tamanhos similares, sem uma grande protagonista.

O regional vai continuar crescendo. É quem sempre puxou o crescimento e investiu aqui. O regional do Ceará é diferenciado do Brasil todo. Não tem uma rede só que consolida a maior parte do mercado, tem várias. Aqui as bandeiras de fora encontram muito mais dificuldade. Tem muitas redes daqui com faturamento parecido, é bem diverso. Isso acaba trazendo força para o mercado regional.
Daniel Moita
Diretor-executivo do Grupo Lagoa

A avaliação feita pelo executivo é de que as grandes redes nacionais passam por uma fase de consolidação no mercado cearense, enquanto as regionais devem continuar crescendo em um curto e médio prazo, adotando novas funcionalidades e incorporando os elementos dos hipermercados, que vivem um declínio no segmento de varejo.

Atacadão Lag
Legenda: Atacadão Lag investe em menor sortimento de produtos, mas preços mais competitivos
Foto: Kid Júnior

"A gente observa esse avanço muito forte da concorrência, tanto de players locais e redes maiores quanto de redes menores que vêm de fora. É uma tendência muito forte ainda a expansão de redes locais, e tem feito com o mercado se movimente. Toda essa questão pós-pandemia, de arrefecimento de inflação, que já voltou no setor de alimentos. A inflação mexeu com os hábitos de consumo do consumidor, e estamos atentos a isso para fazer os ajustes", comenta.

"Precisamos entender o equilíbrio entre serviço e custo-benefício, principalmente o preço ofertado na ponta. A gente tem buscado essa conta para não desagregar total. O consumidor do Ceará exige isso, está acostumado com atendimento e qualidade", arremata Daniel Moita.

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