População indígena e quilombola no CE é mais jovem que total dos residentes, diz censo do IBGE

O índice de envelhecimento é calculado a partir da divisão do total de pessoas com 60 anos ou mais pela quantidade de crianças de 0 a 14 anos

Escrito por Gabriela Custódio , gabriela.custodio@svm.com.br
Crianças indígenas em frente a lagoa
Legenda: As crianças, de até 11 anos, representam 18% da população indígena do Ceará
Foto: Helene Santos

As populações indígena e quilombola do Ceará são mais jovens do que os residentes do Estado no geral. O índice de envelhecimento, indicador que aponta a razão entre a quantidade de idosos e de crianças, é menor entre esses grupos do que na totalidade dos moradores. A informação faz parte do Censo Demográfico 2022 e foi divulgada nesta sexta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice de envelhecimento é calculado a partir da divisão do total de pessoas com 60 anos ou mais pela quantidade de crianças de 0 a 14 anos. Em seguida, o resultado é multiplicado por 100. Quanto maior o valor desse indicador, mais envelhecida é a população.

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Os dados do IBGE indicam 71 idosos a cada 100 crianças no total de residentes do Ceará. Entre os quilombolas do Estado, são 52 pessoas com 60 anos ou mais para uma centena de jovens, conforme o Censo Demográfico. As informações de 2022 são as únicas disponibilizadas sobre esse grupo

Já na população indígena do Ceará, o IBGE aponta que há 56 idosos a cada 100 crianças. Esse resultado mostra um envelhecimento em relação ao levantamento anterior, realizado em 2010. Naquele ano, o indicador correspondia a 31.

Os resultados cearenses estão abaixo dos indicadores para a região Nordeste. Considerando os indígenas dos nove estados nordestinos, o índice de envelhecimento é de aproximadamente 61. Para os quilombolas da região é de 54.

Em todos os estados nordestinos o indicador é menor para os quilombolas do que para a população total, mas isso não ocorre em relação aos indígenas de todas as unidades federativas da região.

Sergipe, Bahia e Piauí apresentam índice de envelhecimento maior entre indígenas do que na totalidade dos residentes. Isso quer dizer que o número de idosos por grupo de crianças é maior entre indígenas do que entre todos os habitantes.

Em Sergipe, por exemplo, são 113 idosos indígena é para cada 100 jovens dessa população. O indicador para os residentes no estado em geral é de 62,7 — 51 idosos a menos.

SEXO E IDADE

Os indígenas estão presentes em 172 cidades do Ceará. Esse grupo populacional é formado por 56,3 mil pessoas, na maioria mulheres (51%). Destes municípios, 78 (45%) tem pelo menos uma mulher a mais do que o total de homens, e em outros 72 (42%) a população masculina é maior. Há três cidades — Barbalha, Camocim e Quixadá — em que os números são iguais.

Os dois extremos da pirâmide etária — de 0 a 11 anos e 60 anos ou mais — são as faixas de idade mais populosas entre os indígenas cearenses. São 7.062 idosos (13%) e 9.937 crianças (18%).

Entre os quilombolas, além dessas duas faixas etárias, também tem destaque o grupo de adolescentes, de 12 a 18 anos, que correspondem a 12% da população (2.911). Os idosos contabilizam 2.965, também 12%. Já as crianças somam 4.473 pessoas e correspondem a 19% do total.

Há quilombolas em 68 municípios do Ceará, com 23.994 pessoas. A divisão deles por sexo mostra que, ao todo, a quantidade de homens e mulheres é similar (aproximadamente 50% cada) — e exatamente igual em seis municípios: Cascavel, Eusébio, Guaraciaba do Norte, Missão Velha, Pacujá e São Gonçalo do Amarante.

DADOS DO IBGE

Nesta sexta-feira (3), entre os dados sobre quilombolas e indígenas, o IBGE divulgou informações referentes à estrutura etária e perfil de sexo dessas populações. O Instituto aponta que elas são “fundamentais para aprofundar o conhecimento sobre esses dois grupos tradicionais e para orientação de diversas políticas públicas, como educação, saúde e assistência social”.

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