Carta de despedida a Pantanal

Legenda: Pantanal, antes de estrear, já veio cheio de expectativas e, certamente, superou todas elas
Foto: Globo/João Miguel Júnior

Hoje se encerra mais um ciclo na minha vida. Chega ao fim o remake de Pantanal, novela que fiz com tanto carinho e que foi assunto tantas vezes aqui nesta coluna, onde pude compartilhar sobre o processo e os temas abordados na produção.

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Interessante pensar que esse sentimento de nostalgia gostosa não é só meu, mas também de tantos parceiros de trabalho e milhares de brasileiros, que também fizeram com que essa produção fosse um grande sucesso. Pois bem, volto aqui mais uma vez, pois faz-se necessário ressaltar esse encontro da arte e de amor.

Existe trabalho, aliás muito trabalho num processo como esse. Um número gigante de profissionais empenhados em fazer o seu melhor no intuito de levar até o telespectador uma experiência mágica.

Na maior parte do processo, o elenco sempre chegava para gravar às 13h, mas antes de nós, uma grande e importante equipe chegava no turno da manhã para limpar todo o cenário, para checar se as luzes estavam funcionando, se todos os adereços estavam prontos, se não faltava nenhum item da direção de arte ou da maquiagem.

A continuista precisava se reunir com os camareiros e fazer a listagem de todas as vestimentas de todos os atores escalados para aquele dia. Os câmeras precisavam testar os equipamentos. A direção precisava decupar, estudar cena por cena antes de gritar: “atenção, silêncio, gravando”. E tem mais! Muito mais! Percebe toda a engrenagem que só funciona bem se estiver tudo conectado?

Entretanto, em Pantanal não era só conexão técnica, pois o grande trunfo desse trabalho, era a relação afetiva, a paixão que cada funcionário doava em cada uma das funções exigidas para uma finalização exitosa, cheia de sucesso.

Para além de tudo isso ainda tinha nosso desejo de não se separar, de terminar o estúdio e se reunir para celebrar. Celebrar o sucesso, o encontro, as amizades firmadas, a alegria, o tesão de sair de casa para encontrar colegas de profissão, parceiros de cena e amigos. Não! Nem todo processo criativo é prazeroso. Nem todo trabalho é um sucesso. Nem toda obra é capaz de unir e provocar tamanha felicidade por trás das câmeras.

O que nossa equipe viveu em Pantanal será uma experiência para toda a vida. Tenho certeza que anos e anos passarão e mesmo que muitos de nós demore a se reencontrar, no dia que acontecer será um olhar de carinho, de uma memória cheia de paixão por tudo que fizemos, que construímos até o último dia.

Pantanal, antes de estrear, já veio cheio de expectativas e, certamente, superou todas elas. Ela fecha esse ciclo com a certeza de que novela ainda é uma paixão nacional.

Juma, Filó, Leôncio, Jove, Zé Lucas, Tadeu, Velho do Rio, Zefa, Muda, Maria Bruaca, Alcides, Tenório, Zaquieu, Guta, Mariana, Irma, Trindade, Tiberio, Zoinho, Zuleica, Marcelo, Roberto, Renato, Levi, Solano, Eugênio, Onça, Sucuri, Tuiuiú, Jacaré, Arara e tudo esse universo fantástico se despede do público enquanto imagem na televisão, mas segue, para sempre, na memória e no coração.

Grato pela grande oportunidade de realizar Zaquieu. Nos encontraremos no próximo personagem

* Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor